sexta-feira, 28 de maio de 2010

Dunga ensina Brasil a dar pontapés, mas astros exageram no treino

Robinho dá entrada dura em Kaká, que revida na mesma moeda durante “rachão”

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Em meio ao treinamento da manhã desta sexta-feira (28), um lance estranho, gratuito. No forte treino dado por Dunga, os times foram divididos em meio campo e a intenção era apenas tomar a bola da equipe adversária. O objetivo é acostumar os jogadores a preencherem o espaço e marcar forte. Quem levou a sério demais foi Robinho.

No treino, ele deu uma forte entrada no pé de apoio de Kaká. O meia caiu com dores. O volante Felipe Mello foi tentar ajudá-lo a levantar, mas ele não quis ajuda. Perto do final do treinamento, Kaká devolveu a entrada, acertando um forte no chute jogador do Manchester City, e nem pediu desculpas. No final do treino, Robinho foi brincar com o jogador do Real Madrid, os dois pegaram chinelos e batucaram como os outros atletas.

Às vésperas da estreia do Brasil na Copa do Mundo, esse tipo de comportamento é incompreensível. Kaká vem de um difícil período de recuperação de uma pubalgia. O choque inesperado, a pancada forte, poderia sim ter machucado de verdade o único meia talentoso da seleção. Ou então, no revide que sofreu, Robinho poderia torcer o tornozelo, o joelho, e perder a Copa por causa de uma contusão.

Os lances parecem não ter incomodado o técnico Dunga. O treinador os assistiu sem reações. Ele estava satisfeito com o empenho dos jogadores. As duas entradas maldosas ficaram longe de tirar o seu mau humor. Ele está interessado em tentar corrigir o maior defeito que vê no time brasileiro, como resumiu o goleiro Julio César.

- O Brasil tem o melhor time do mundo. Se igualar na pegada, não tem para ninguém.

E o treinador tem insistido com os jogadores de que a diferença eles fazem na técnica. Só é preciso ter aplicação, disposição na marcação. Outro que apoia essa tese é o zagueiro Juan

- Nossa defesa é considerada hoje tão boa por causa da postura do time todo. O segredo das nossas conquistas é a aplicação forte do time inteiro. Ninguém mais tem liberdade para atacar o Brasil. Nossa pegada começa logo na saída de bola do time adversário.

Apesar de ser um assunto que ninguém comenta, a Copa de 2006 serve como exemplo do que a equipe não poderá fazer no Mundial. A partida contra a França, que eliminou o Brasil, é o grande exemplo. Naquele dia, Zidane desfilou, deu chapéu, driblou, tabelou. Teve, além da liberdade, o respeito dos volantes brasileiros. Isso não acontecerá na África do Sul. Se for preciso fazer falta para matar a jogada, a ordem é fazer.

Um grande candidato sempre disposto a cumprir essa ordem sem pensar é Felipe Melo. O volante é recordista de cartões amarelos na Itália. No treinamento forte desta sexta, ele se sentiu muito à vontade. Sempre foi raro na seleção brasileira um volante tão faltoso como ele, mas Dunga o considera peça fundamental, quase como um professor para mostrar aos outros como se faz uma falta. Com gosto, até.

Kaká, Robinho e Luís Fabiano têm a missão de cercar a saída de bola do time adversário. Eles estão liberados para fazer suas faltas, sem violência, sem dar os pontapés fortes do último treino, conforme explicou o lateral-esquerdo Michel Bastos.

- O segredo para não tomar gols é ter uma equipe competitiva, que não dê espaço para os adversários. Nenhum espaço. As equipes mais vencedoras do mundo moderno fazem isso, e nós temos ainda a grande vantagem da nossa técnica.

O resumo é: o Brasil de Dunga na Copa de 2010 está aprendendo a dar pontapés. Não haverá mais nenhum Zidane dando chapéu no meio-campo em plena disputa do Mundial.

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