Para promover o Mundial que começa nesta sexta-feira, o país inteiro toca a tradicional corneta em campanha que mobilizou milhares torcedores
Uma multidão amarela. Uma nação parada. A África do Sul viveu um dia de país do arco-íris nesta quarta-feira. A dois dias do início da Copa do Mundo, gente de todas as raças, de todas as cores, de todos os idiomas se vestiu de amarelo e soprou as vuvuzelas, a corneta que é o símbolo da torcida sul-africana.
A África do Sul parou para tocar vuvuzela nesta quarta-feira, a dois dias do início da Copa do Mundo
As cores dos Bafana Bafana estiveram por toda parte, com negros abraçando brancos, com mestiços se confraternizando com estrageiros. O coração da festa foi em Sandton, distrito rico de Joanesburgo, maior cidade do país, que reuniu 200 mil pessoas num abraço simbólico à seleção de Carlos Alberto Parreira. A África do Sul foi inteira contagiada...
O país é um som só. Em todos os cantos, moradores e visitantes estão de vuvuzela na mão. Convocados pelos organizadores da Copa do Mundo, que começa nesta sexta, muitos aderiram ao “vuvuzela day” e, ao meio-dia (7h pelo horário de Brasília), encheram os pulmões para fazer barulho.
O principal ponto de encontro foi a Mandela Square, onde torcedores de diversos países começaram a se concentrar desde as primeiras horas do dia. Mexicanos, argelinos, brasileiros, chilenos, espanhóis, japoneses, holandeses... Em cada canto da praça, que é decorada com uma enorme estátua do ex-presidente Nelson Mandela, gente dos mais diversos lugares do planeta.
- Isso aqui é contagiante. Dá até vontade de torcer para a África do Sul - disse o brasileiro Fábio Oliveira, paulista de Itapeva.
Nas outras cidades da África do Sul, a mesma coisa. Na Cidade do Cabo, pessoas se reuniram na região do porto para tocar vuvuzela gigante. Uma enorme corneta, peça publicitária de uma empresa automobilística, também fez muito barulho. Em Irene, onde a seleção da Alemanha treinava, mais som nas arquibancadas.
Quem não tinha corneta usava a buzina do carro. As ruas de Joanesburgo ficaram completamente congestionadas. Gente com bandeiras tremulando, penduradas na janela dos veículos. Tudo para celebrar a chegada da Copa do Mundo.
O convite foi aceito por todos. Até mesmo em lugares públicos e fechados, como shoppings, restaurantes, agências bancárias. Quem estava na África do Sul nesta quarta-feira com certeza ouviu o barulho das vuvuzelas. Mesmo quem não queria ouvir ouviu...
A data também serviu para os sul-africanos darem o último incentivo à sua seleção. Os Bafana Bafana, apelido da equipe nacional, estreiam na Copa do Mundo nesta sexta-feira, diante do México, no estádio Soccer City. Na porta da concentração, onde a equipe do técnico Carlos Alberto Parreira está hospedada, uma multidão foi lá tocar vuvuzela. Muitos traziam cartazes nas mãos com a frase “United we shall stand” – “Unidos nós estaremos”, que é um trecho do hino do país. Da sacada, o treinador brasileiro acenava. Para retribuir, os jogadores saíram em carro aberto para desfilar pelas ruas da região central. Inicialmente, Parreira não queria ir. Mas não resistiu e foi.
As ruas de Joanesburgo foram tomadas por torcedores (Foto:Globoesporte.com)
Se a África do Sul vai longe na Copa do Mundo é difícil prever. Mas a festa que os sul-africanos fizeram nesta quarta-feira foi digna de quem já conquistou um título.
Emocionado com 'vuvuzelaço', Parreira diz: 'Só vi igual em 70 e 94'
Treinador brasileiro, comandante dos Bafana Bafana, desfilou em carro aberto com a seleção sul-africana para uma multidão de 200 mil pessoasCarlos Alberto Parreira comparou a festa que os sul-africanos fizeram nesta quarta-feira para a seleção local à recepção que teve no Brasil em 1970 e 1994 nas conquistas das Copas do Mundo do México e dos Estados Unidos. A dois dias do início do Mundial, 200 mil pessoas foram às ruas de Sandton, a parte rica de Joanesburgo, dar apoio aos Bafana Bafana.
A festa, na verdade, foi no país inteiro. Milhares de sul-africanos saíram às ruas ao meio-dia (7h pelo horário de Brasília) para tocar as suas vuvuzelas, a tradicional corneta que é símbolo da torcida local. Em Knysna, por exemplo, as seleções da França e da Dinamarca foram premiadas com as cornetas.
Mas o coração da comemoração foi Joanesburgo. Da sacada do seu quarto, no hotel onde a seleção está concentrada, Parreira viu os primeiros fãs se aglomerarem. Aos poucos ia surgindo mais e mais gente. Da janela, o técnico acenava. Mais tarde, desceu ao lado de sete jogadores e foi desfilar em carro aberto pelas ruas próximas. Para delírio da multidão.
- Eu só vivi isso poucas vezes na minha vida. Em 1970 e 1994, quando voltamos para o Brasil como campeões do mundo (ele era preparador físico da seleção brasileira na Copa do México e técnico na Copa dos Estados Unidos). E quando fomos jogar no Haiti, em 2005 (numa missão da ONU) - disse Parreira, bastante emocionado.
Parreira negou que tivesse sido contra o desfile em carro aberto. Ele só não queria que o clamor popular com a presença do time fosse confundido com comemoração antes mesmo de a bola rolar.
A África do Sul parou nesta quarta-feira, a dois dias da Copa (Foto:Globoesporte.com)
- Fiquei muito emocionado. Vi pessoas de todas as cores, de todas as idades, gente chorando, famílias em cima dos prédios... Fomos às ruas para agradecer o apoio do povo. Hoje, a África do Sul mostrou que também é o país do futebol.
Os Bafana Bafana voltam a treinar nesta tarde e a atividade deve ter a presença do presidente Jacob Zuma. Na quinta, a África do Sul treinará no Soccer City, palco da partida de abertura, sexta, diante do México.
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